Saúde vai reativar produção de soro contra picadas de cobras

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As 153 cobras recolhidas em Mandaguari, na região de Maringá, foram enviadas na quarta-feira (29), por meio da Divisão de Zoonoses e Intoxicações, à Secretaria de Estado da Saúde. Agora será aberto o biotério do Laboratório de Taxonomia Animal e reativado o serpentário do CPPI (Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos do Paraná). As duas instituições fazem parte da Secretaria.

O biotério do Laboratório de Taxonomia já está fazendo a identificação das cobras e iniciará a destinação adequada para instituições parceiras de pesquisas. Entre elas, o CPPI, que é referência nacional na produção do soro contra a picada de aranha-marrom (antiloxoscélico) e que poderá também desenvolver antígenos contra a picada de serpentes.

Além dos estudos, a Secretaria pretende intensificar capacitações junto à Vigilância Ambiental nos municípios para que mais profissionais atualizem as informações sobre manejo de serpentes.

“Pesquisas e capacitações profissionais fazem parte das principais ações da Secretaria, pois nos colocam à frente de vários serviços, auxiliam em diagnósticos e no atendimento à população diante em casos urgentes”, disse o secretário da Saúde, Beto Preto.

“A abertura do biotério, com todas as condições adequadas para receber animais peçonhentos, é um grande passo para o serviço de saúde que visa a preservação de espécies e a proteção da população”,  afirma o chefe da Divisão de Vigilância de Zoonoses e Intoxicações, Emanuel Marques da Silva.

Segundo o coordenador de pesquisas do CPPI, Bruno Antunes, a reativação do serpentário representa também a ampliação de projetos de educação ambiental e educação em saúde pública, além da produção de medicamentos de produção de soros mais eficientes para tratamento de acidentados por animais peçonhentos.

As serpentes foram apreendidas pelo Instituto Água e Terra, em conjunto com a Secretaria da Saúde e Polícia Ambiental. As cobras pertencem aos gêneros Bothrops (jararaca) Crotalus (cascavel) que representam 70% e 11% dos acidentes ofídicos notificados no Estado.

VIGILÂNCIA – A Secretaria mantém o Programa Estadual de Vigilância por Acidentes por Animais Peçonhentos e o Laboratório de Taxonomia, junto à Divisão de Zoonoses. “O objetivo é acompanhar todos os casos envolvendo estes animais; a frequência e a região que  ocorrem, espécies de animais presentes,  distribuição de soroterápicos e a atenção que é dada aos pacientes quando sofrem um acidente”, afirma o biólogo.

As notificações abrangem ocorrências com serpentes, aranhas, escorpiões, lagartas, águas-vivas e peixes peçonhentos. Os acidentes são notificados também junto ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

SERPENTES – O Laboratório de Taxonomia de Animais recebe e identifica milhares de exemplares por ano, provenientes de todo o Estado. Nos primeiros seis meses do ano, cerca de 5.660 deram entrada, destes 399 foram serpentes.

Agora, com a abertura do biotério, os exemplares capturados vivos serão mantidos em condições adequadas, até que sejam destinados para organizações de pesquisas.

Levantamento da Divisão da Zoonones mostra que entre 2010 a 2020 foram registrados 5.875 acidentes envolvendo animais da “família” das jararacas; 1.190 envolvendo cascavéis e 42 envolvendo corais.

A gravidade de cada acidente está relacionada a diversos fatores, como a quantidade de veneno injetada, estado de saúde do acidentado, local da picada, idade do paciente, entre outros.

Em caso de acidentes, a pessoa deve apenas lavar o local da picada e elevar o membro atingido. Qualquer outra atitude pode complicar o quadro do envenenamento.

“O mais importante é buscar ajuda médica para receber o atendimento necessário”, informa Emanuel Marques da Silva.

Outras informações em caso de acidentes devem ligar para o Centro de Controle de Envenenamentos: 0800 41 0148 (plantão 24 horas).

ALERTA – A Secretaria da Saúde alerta ainda para a proibição de se manter animais silvestres em ambientes domésticos e em cativeiro. Animais silvestres nunca devem ser comercializados, reproduzidos e mantidos em cativeiro sem a autorização ambiental. O artigo 29 da Lei nº 9605/98 de Crimes Ambientais prevê detenção de 6 meses a 1 ano de prisão e multa para as pessoas que se enquadrem na prática.

“Vale lembrar que todos os animais, inclusive as cobras, participam ativamente do equilíbrio ecológico; aprender a conviver em harmonia com os animais, respeitando seus ecossistemas, seus hábitos e comportamento natural é uma das formas de garantir a manutenção de um meio ambiente saudável”, disse Emanuel Marques.

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